O quase extinto fliperama

Tive que ficar matando tempo em um shopping de Porto Alegre domingo. Como as lojas só abririam as 14 h, eu pretendia ir ao cinema. Vi que só tinha abacaxi em cartaz, desisti e dei um pulo no fliperama - o que eu vi foi terra arrasada. Máquinas ultrapassadas, lá do tempo que eu batia a carteira da minha mãe e corria pro fliper pra jogar Street Fighter. Fliperamas, nos áureos tempos, eram capazes de fazer brilhar os olhos de qualquer guri. Pra quem tinha Atari em casa ou nenhum vídeo game, jogar Double Dragon, Vendetta ou The Simpsons no fliper era algo mágico e a gente fazia render aquelas suadas fichinhas.
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Uma vez eu estava no shopping Iguatemi e tinham recém lançado o jogo das Tartarugas Ninjas. Aquele dia tinha uma fila quilométrica para jogar. Centenas de pirralhos esperando sua vez nas sedutoras máquinas para ganhar o ovo (game over, ganhar o ovo, legal né :P) em 5-10 minutos. A gente ganhava o ovo, fazia uma cara de desolado e já ia pro fim da fila de novo. Eu sempre pegava o Donatello - aquele do bastão e faixinha roxa. Aquele jogo era foda, dava vontade de torrar um milhão em fichas.
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E fliper na praia? Vocês lembram como era aquilo? Enormes e lotados. Máquinas disputadíssimas e não raro tu começava e jogar, vinha um pivete te enchendo o saco "deixa eu passar pra ti?" e mesmo que tu dissesse não, logo ele dava um jeito de te empurrar de lado e assumir o comando da situação. Como naquela época, já mandava quem podia e obedecia quem precisava, lá ia eu pra outra máquina sem esquentar muito a cabeça, afinal, pivetes eram "maconheiros" e consequentemente, malfeitores.
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Posso afirmar que fliperama é uma espécie em extinção. Com o advento do computador, não se investiu em novos jogos e o que vemos hoje são os mesmos jogos de 15 anos atrás, muito inferiores em gráficos do que qualquer vídeo game atual.
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Voltando ao assunto, comprei 3 fichas e fui reto num pinball analógico do De Volta Para O Futuro - confesso que já fui melhor nisso. Meti minha segunda ficha no arcaico Marvel Vs Capcom, peguei o Ryu e o Wolverine e cheguei na última fase. A última ficha botei numa outra máquina de luta e a tinhosa me engoliu o ferrinho, como eu já estava de saco cheio, nem fui pedir outra. Vazei e entrei num lugar que me agrada muito mais hoje em dia...a livraria. Fiquei lá cerca de uma hora, queria comprar uns 10 livros, mas acabei levando só 4 - hoje quero começar a ler a biografia do Nelson Rodrigues.
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Definitivamente, os CD's perderam para os livros no flerte com meu lado consumista.