Vivemos ou estamos vivos?

O Rafa Burro, no post abaixo, perguntou se a gente vive ou está vivo. Respondi: Eu vivo porque tenho consciência do peso de estar vivo. A maioria só sobrevive, respira.

Acho essa pergunta pertinente, pois viver é diferente de estar vivo. Estar vivo é não estar morto. Abre parênteses. A última coisa que quero fazer nessa vida antes de morrer é morrer. Veja ela, a morte, musa mor da filosofia. Fecha parênteses. Viver está relacionado com pensar. E pensar com sofrer. Sofrer em si, de dores e alegrias, angústias e desejos, felicidades e tristezas, das intempéries da vida. Penso, logo existo (todo mundo já leu essa frase de Descartes). Concordo com a sentença, porque existir não implica necessariamente em pensar. Conheço muita gente que não pensa, que está viva, sobrevivendo, respirando, mas que não vive. Viver requer mais prática, eu diria habilidade, coisa que me falta um pouco. Numa escala de habilidade futebolística, eu seria um Sandro Goiano da arte de viver. Mas, prefiro assim; paguei um preço salgado para me lembrar que vivo. Estar vivo nunca foi meu objetivo, apesar de ser menos penoso. Todavia, não voltaria atrás. Melhor a luz da realidade do que a escuridão da felicidade.