15/07/2008

Bebum

Que bonito! Passou em frente a loja, um sujeito com níveis etílicos relevantes para o horário do presente momento. Fazendo uma trajetória sinuosa, nosso herói ainda achava tempo para desferir um monólogo em algum dialeto ébrio desconhecido. Olhou para um poste, falou algo e fez uma cara de desanimado. Acredito que ele levou um fora do poste - realmente dar um chegadão num poste estando naquele estado, o cortaço seria eminente - postes sabem se fazer de difíceis quando querem. Imagina o diálogo entre o sujeito e o poste:
- Ai poste como tu é lindo, queria te beijar todinho e fazer um xixi gostoso em ti.
- Ih, vaza fora garoto, tu não faz meu tipo.
O nosso heroíno(sic!) parou, então, para um descanso. Ou você acha que é fácil tomar um litro de canha e caminhar depois? Cada perna deve pesar 500kg. Ele devia ter na faixa de quarenta anos. Qual o motivo de seu infortúnio? Uma mulher que lhe traiu? Uma desgraça que lhe afligiu? Desemprego? Doença? Abandono? Problemas financeiros? Ou quem sabe foi uma promessa? - "Si eu ganhá nu bixo senhor, vo tomá um litru di caxaxa pra comemorá!". Talvez ele tenha bebido por beber - "má que dia bonito pra tomá uns rabinho di galo".
A vida de um bêbado diurno não deve ser fácil. Em sua penosa caminhada, fica exposto a toda sorte de comentários maldosos - "não não não, óia esses bêubadu a uma hora dessas, má vão arrumá uma capina bando de vagabundo", "esse é o filho do véio tal, isso tinha tinhero, diz qui depois qui a muié largo dele, nunca mais se ajeitô".
Nosso paladino levantou e seguiu o seu destino. O destino de casa com um bar no caminho, ou o destino do bar com uma casa no caminho? Cada um sabe o que faz... ou não.

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