Juvenal estava com muita raiva. Hoje seria o basta, o ponto final. Seu corpo estava tomado de cólera e ira. Todos esses anos de humilhação que permaneceu calado, aguentando aquele homem lhe batendo, cuspindo na cara, comendo sua mulher e filhas. Todo homem possui um limite, um limiar que vai além do ponto de equilíbrio humano. Juvenal estava transtornado e decidido a acabar com esse suplício. Hoje seria o dia "d". O dia do humilhado dizer "chega", onde o excluído bradaria sua libertação, onde a catarse de sua vida sucumbiria para o florescer de novos dias felizes. Aquele homem tinha lhe traído das piores maneiras possíveis. Tirou sua casa, filhas, mulher e dinheiro. Juvenal perdeu tudo, mas não estava disposto a perder o último fio de orgulho que lhe pulsava nas veias. Esperou durante duas horas em frente a casa do homem. De repente o homem sai para buscar o jornal. Enfim, tinha chegado o momento mais esperado da sua infeliz vida, o momento mor de seus mais ansiados sonhos, o alívio definitivo de suas aflições. Juvenal guardou durante anos esse desejo de se vingar, aguentou as piores torturas para comer o prato frio da vingança. Se aproximou do homem, olhou em seus olhos, respirou fundo e disse:
- Boboca.
O homem recolheu o jornal e entrou em casa. Juvenal pode finalmente viver feliz.
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2 comentários:
Não sei de outro lugar não,Una.
;)
A propósito senhor(a), você me conhece?
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