13/05/2007

A loira

Fui numa festa anos 80 em Santa Maria. Encontrei alguns amigos da época da faculdade. Legal relembrar os velhos tempos. Lá pelas tantas, entre uma vodka e outra, passei a observar uma loira. Não era uma simples loira. Era daquelas que quando desfilam pelas ruas, causam torcicolos generalizados por onde quer que passam. Era engraçado ver a galera paparicando a moça constantemente, buscando em cada sorriso seu a esmola de uma esperança futura, sorrindo latindo a cada palavra que ela lhes dirigia, feito mendigos agradecendo por migalhas de pães adormecidos. Cortejavam sem dó a "feiosa". Me lembraram aqueles mosquitinhos que buscam o calor de uma luz, batendo com a cabeça em lâmpadas e paredes vez após vez, até que caiam estatelados no chão frio dos rejeitados. E não foram poucos os combatentes. Até senti uma certa piedade por meus colegas de sexo masculino. No intervalo de meia hora vi cinco ou seis pretendentes serem esnobados sem dó. Poucas coisas causam tantos estragos neste mundo quanto uma mulher que possui plena consciência de sua beleza. Porque basta uma bunda boa e um sorriso sugestivo para que toda a nossa racionalidade seja aniquilada em um piscar de olhos. Quase que fui engrossar a estatística, mas fiquei com medo e quase certeza que sairia derrotado e como a noite estava legal, não quis comprometê-la.
Eu, particularmente, nunca tive muito saco para essas mulheres inatingíveis. Meu orgulho me impede de ser mais uma mariposa em torno da lâmpada. No mais, o que me anima mesmo são as mulheres possíveis, deliciosamente possíveis...E essa coisa de se gabar pela caça disputadíssima é uma das coisas mais patéticas que existem no mundo masculino. Azar de quem só enxerga beleza na última camada que a mulher apresenta, justamente a que envelhece mais rápido, pra alegria da indústria de cosméticos, associações de plástica, enxerto de botox e caralho a quatro.

Minutos depois, me dei bem com uma possível.

3 comentários:

Anônimo disse...

Palmas...

Douglas disse...

Será que as "inatingíveis" morrem virgens?
Show teu blog ...

urtigaprasalada disse...

Douglas, virgens eu não sei. Mas tristes com certeza! ;)